Relato de uma criança de 13 anos que voltei a encontar num sonho real.
"O meu avô raramente falava.
Era muito amável comigo, brincava comigo e adormecia-me e acordava-me.
Mas raramente falava. E raramente chorava.
Mas ele pegava num instrumento grande que tinha, um violoncelo muito antigo,
se calhar mais velho que ele.
E sempre que começava a tocar, ele chorava. Ria. Gritava. E por vezes chegava a adormecer.
Durante uns anos questionei-me muito sobre isto, até que um dia decidi perguntar.
- Avô, porque é que raramente falas, mas quando tocas tu exprimes tudo?
Ele após esta pergunta, sorri para mim e dirige-me as seguintes palavras que eu ouvi com extrema atenção:
-Meu querido neto, eu nunca deixei de te falar, nem de mostrar o quão humano eu sou como tu.
Mas aprendi durante a minha vida que nós estamos limitados na expressão.
É horrível estarmos limitados a palavras, quando a música exprime tudo mais sucintamente e
mais explicitamente que as palavras. Daí raramente falar por palavras, mas tudo de restante que tenha para dizer, digo através do meu querido violoncelo.
Meu netinho, a música é a verdadeira fala do Homem."
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